A quimioterapia é um tratamento endovenoso usado com frequência em parcela considerável das pacientes com câncer de mama. Normalmente, é recomendada baseado na extensão local da doença (estadiamento da mama e axila), assim como pela biologia dos tumors (agressividade). Tradicionalmente, é feita sequencial após a cirurgia (quimioterapia adjuvante). Quando indicada antes do procedimento cirúrgico, é conhecida como quimioterapia neoadjuvante.
A quimioterapia neoadjuvante tem sido usada há décadas em tumores mais avançados, com o intuito de facilitar o procedimento cirurgico, pois a quimioterapia tem a capacidade de reduzir o tamanho dos tumores. Nos últimos anos, após o advento da quadrantectomia (cirurgia conservadora da mama), a quimioterapia neoadjuvante ou pré-operatória tem sido recomendada com o objetivo de melhorar a taxa de conservação das mamas ou mesmo diminuir a extensão da cirurgia na axila, evitando a linfadenectomia.
Entretanto, mais recentemente, as indicações dessa estratégia se ampliaram. Hoje, podemos dizer que, sempre que estiver definido pelos critérios clínico e da biópsia (biologia) no que se refere ao tipo de tumor e estadiamento da doença que o tratamento quimioterápico será necessário, podemos considerar a possibilidade de fazer a administração desses medicamentos antes da cirurgia. Em casos de tumores de biologia adversa, como os triplo negativos ou HER2, a estratégia da quimioterapia neoadjuvante pode ajudar ainda a selecionar pacientes com menor resposta a terapia para utilizar tratamento medicamentoso adicional após a cirurgia.
O uso de quimioterapia neoadjuvante não atrasa o tratamento como um todo, assim como também não aumenta a chance de complicações operatórias. O perfil de complicacões dependerá do tipo de medicamento utilizado. Em geral, a cirurgia é realizada entre 4 a 6 semanas após o término das medicações.